No quarto, dentro da cama,
as minhas pernas tocam o tecto do peso dos lençois,
vermelhos.
Em frente,
um relógio sem corda dita o tempo.
E, procuro-me...
Encontro-me nos silêncios rasgados pelo negro da tinta,
fiel,
às linhas do meu caderno. Que repousam,
no leito, vermelho,dos meus lençois.
Nos entretantos, a pausa.
O silêncio interrompido por um carro que chega. Que passa o portão.
E eu grito:
Deixa de querer-me.
Era tudo o que eu queria ouvir-te dizer.
Diz-me...
Rasga os silêncios. Os teus.
Acaricia as tuas cordas, com os teus dedos delicados e esguios.
Dedilha o peso dos sons destas palavras graves.
Deixa que o Inverno chegue.
Perene. Com a morte anunciada das tuas palavras.
Que do negro do teu baixo, se dite o fim do teu silêncio.
E, que esta seja a fúnebre melodia,
do início dos meus dias.
Deixa-me acordar,
noutra cidade.
A minha.
Sem querer-te, e, recordar-te,
apenas, como se de um sonho te tratasses.
Acordo.
É já outro dia.
Aguardo...